Rússia desenvolve “relações próprias” com a Síria à margem dos EUA

“Não creio que haja elementos inter-relacionados nisto”, respondeu Dmitri Peskov ao ser questionado sobre se os contactos entre o Presidente sírio, Ahmad al-Sharaa, e o homólogo norte-americano, Donald Trump, poderão dificultar o diálogo entre Moscovo e Damasco.

 

A Rússia interveio militarmente na Síria em 2015, para apoiar as tropas do presidente Bashar al-Assad na guerra civil iniciada em março de 2011.

Assad foi derrubado em dezembro de 2024 por uma coligação de forças rebeldes liderada por Ahmad al-Charaa, que foi nomeado presidente interino em janeiro de 2025.

Peskov disse aos jornalistas que participaram na habitual conferência de imprensa diária por telefone que a Rússia está a construir “relações próprias” com o novo governo sírio.

Recordou que Sharaa realizou “uma visita muito significativa e bem-sucedida a Moscovo” em 15 de outubro, 10 meses depois de derrotar Assad, que se refugiou em Moscovo.

“As negociações com [o Presidente russo, Vladimir] Putin, diga-se de passagem, foram muito, muito abrangentes”, acrescentou Peskov, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

Nas conversações então realizadas, segundo a imprensa, Putin e Charaa falaram sobre a situação das duas bases militares que a Rússia mantém na Síria.

“A Síria tentará restabelecer as suas relações com a Rússia. O mais importante é a estabilidade no país e na região árabe”, disse Charaa a Putin na altura.

Sharaa foi recebido na segunda-feira por Trump na Casa Branca, em Washington, numa visita que coincidiu com o levantamento pelos Estados Unidos das sanções impostas à Síria durante décadas.

Foi a primeira vez que um presidente sírio foi recebido na sede da presidência norte-americana.

No final do encontro, os Estados Unidos anunciaram que a Síria aderiu à coligação internacional para combater o grupo extremista Estado Islâmico, liderada por Washington.

A coligação, agora com 90 países, é liderada pelos Estados Unidos desde 2014.

Tem por objetivo coordenar as operações militares, a partilha de informações e a assistência humanitária no Médio Oriente para eliminar vestígios do grupo extremista e impedir a expansão de células e combatentes estrangeiros.

Sharaa, nascido em 1982 em Damasco, entrou no conflito sírio como militante ligado à Al-Qaida e foi detido pelas forças norte-americanas no Iraque em 2005, permanecendo sob custódia até 2011.

Depois disso, desvinculou-se oficialmente da organização, consolidou a liderança no Hayat Tahrir al-Sham (Organização de Libertação do Levante) e liderou a ofensiva que derrubou o regime de Assad.

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Fonte: www.noticiasaominuto.com

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