Essa unidade hoteleira não foi atingida pelo fogo que lavra desde domingo naquele concelho do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, mas toda a floresta contígua — que era um dos seus pontos-fortes na atração de turistas — está destruída, identificando-se nas estradas em redor ainda colunas de fumo a elevar-se da terra queimada e pontos de fogo nos tocos de árvores mais grossos.
“Estamos a remarcar todas as reservas até quinta-feira, até porque é impossível receber hóspedes. Além de eles terem dificuldade em cá chegar, com tantas estradas cortadas, ainda há muito fumo lá fora e cinza a voar”, declarou à agência Lusa a diretora do hotel, Rita Alves.
A mesma responsável disse que a unidade não sofreu estragos físicos, mas realçou que o interior do hotel denuncia efeitos do incêndio: “Cá dentro também cheira a fumo e nem podemos abrir as janelas para arejar porque senão ainda é pior, com a entrada de mais fumo e cinzas também”.
Enquanto aguarda que o incêndio seja extinto e que as condições atmosféricas reponham alguma normalidade na paisagem, a equipa do hotel continua a molhar paredes exteriores, telhados e jardins, avançando também com a lavagem de cortinas e pequenas operações de limpeza que possam adiantar sem risco de as ver desperdiçadas por eventuais reacendimentos na zona.
Se no domingo os camiões-cisterna dos bombeiros entraram na propriedade para se abastecerem de água diretamente a partir do rio Caima, agora que o rio já não tem caudal suficiente para isso o hotel procura ajudar de outra forma. “Pusemos alguns quartos à disposição dos bombeiros, que vêm cá dormir umas horas, tomar café e comer fruta”, contou Rita Alves.
O resto é esperar pela chuva. “Os bombeiros já nos disseram que, se não começar a chover, estas terras aqui à volta podem continuar a arder durante semanas”, lamentou Rita Alves.
Segundo o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Área Metropolitana do Porto, o combate ao incêndio que lavra desde domingo em Oliveira de Azeméis envolvia hoje, às 17:00, o trabalho de 419 operacionais, apoiados por 156 viaturas e três meios aéreos.
Pelo menos sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real e Viseu, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas, como a A1, A25 e A13, a EN109 e o IC2.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 62 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que no Norte e no Centro, regiões atingida pelos incêndios desde o fim de semana, já arderam 47.376 hectares.
Hoje, cerca das 17:30, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) registava 180 ocorrências, envolvendo mais de 6.300 operacionais, apoiados por 1.900 meios terrestres e 39 meios aéreos.
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