Segundo as fontes citadas pela agência noticiosa francesa AFP, o acidente ocorreu no complexo de mineração de Kalando, localizado na pedreira de Mulondo, oficialmente operada pela empresa Pajeclem, a cerca de 42 quilómetros a sudeste de Kolwezi, capital da província de Lualaba.
“Apesar da proibição formal de acesso ao local devido às fortes chuvas e ao risco de deslizamentos de terra, os garimpeiros ilegais forçaram a entrada na pedreira”, declarou à imprensa o ministro provincial do Interior, Roy Kaumba Mayonde.
A “travessia apressada dos mineiros” causou o desabamento de uma ponte improvisada que construíram para atravessar uma vala alagada que delimitava a área, acrescentou.
“Até o momento, 32 corpos foram recuperados”, acrescentou o governante provincial, especificando que “as operações de busca continuam”.
Um relatório do Serviço de Assistência e Apoio à Mineração Artesanal e de Pequena Escala (Saemape) — uma agência governamental responsável por fornecer assistência técnica e financeira às cooperativas de mineração — consultado hoje pela AFP, mencionou uma situação de pânico causado por soldados presentes no local.
De acordo com este relatório, a área de Kalando tem sido alvo de uma disputa há vários meses entre os mineiros artesanais e uma cooperativa de mineração criada para apoiá-los, bem como os operadores da área, descritos como “parceiros chineses”.
“Durante a queda”, os mineiros “amontoaram-se uns sobre os outros, causando ferimentos e mortes”, refere o documento.
Imagens enviadas à AFP pelo escritório provincial da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), um instituto público, mostram mineiros a retirar corpos empilhados no fundo da vala e pelo menos 17 corpos estendidos no chão, perto do local do acidente.
As autoridades provinciais anunciaram hoje a suspensão das atividades no local.
“Mais de 10.000” garimpeiros artesanais estão presentes neste local, disse à AFP Arthur Kabulo, coordenador da CNDH na província de Lualaba.
Alegações de trabalho infantil, condições de trabalho perigosas e corrupção no setor artesanal estão a pesar sobre toda a indústria de cobalto na RDC.
A República Democrática do Congo produz mais de 70% do cobalto mundial, um metal essencial para baterias usadas em dispositivos eletrónicos e nas baterias de veículos elétricos.
A maior parte do cobalto do Congo é extraída de gigantescas minas industriais, mas estima-se que mais de 200.000 pessoas trabalhem como garimpeiros em locais ilegais, refere a AFP.
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