25 de Abril, o luto pelo Papa e a “reserva” do Governo: As críticas

O Governo decretou três dias de luto nacional pela morte do Papa Francisco e a decisão, oficializada ontem em Conselho de Ministros, já resultou em muitas críticas por parte da Oposição, dado que, quando o Executivo anunciou a decisão, foi também informado que a situação cancelava a “agenda festiva” do 25 de Abril.

 

A decisão foi anunciada pelo Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, que referiu que no âmbito do adiamento das celebrações relativas ao 25 de Abril, haveria também a implicação de “reserva nas celebrações” do Dia da Liberdade.

“Comunicámos às entidades organizadoras (…) que não participaremos nesses eventos de celebração neste período, que é um período de consternação e de homenagem sincera e profunda”, disse em conferência após o Conselho de Ministros.

Sobre a realização da sessão solene do 25 de Abril no Parlamento, Leitão Amaro sublinhou que a Assembleia da República “é um órgão autónomo” e que o Governo marcará presença nessa cerimónia.

Entretanto, já durante a tarde desta quinta-feira, o Executivo emitiu um esclarecimento, defendendo que “não recomendou o cancelamento de quaisquer sessões evocativas do 25 de Abril, nas quais sempre disse que irá participar”.

Governo esclarece que

Governo esclarece que “não recomendou cancelar sessões do 25 de Abril”

Esclarecimentos surgem após serem decretados três dias de luto nacional pelo Papa Francisco – e de os partidos da oposição terem criticado o Executivo, que falou em “reserva relativamente às celebrações.”

Notícias ao Minuto | 13:39 – 24/04/2025

Da “ofensa” ao legado do Papa ao “erro grosseiro”

O líder da Oposição, Pedro Nuno Santos, considerou que o Executivo da AD “cometeu um erro grosseiro” na avaliação dos sentimentos dos portugueses ao suspender eventos e cancelar a “agenda festiva”. ” “Desvalorizou aquilo que é uma data muito importante para os portugueses e não percebeu que comemorar o 25 de Abril não é desrespeitar a memória do Papa Francisco. O Papa Francisco era um amante da liberdade e da igualdade, os valores que celebramos em abril”, defendeu o secretário-geral do Partido Socialista, e declarações aos jornalistas, no Porto.

O socialista defendeu ainda que a “melhor resposta que se pode dar a um Governo que desvaloriza o 25 de Abril é o povo português participar, de forma entusiasmada e massiva nas celebrações.”

“Celebrar o 25 de Abril não é desrespeitar o Papa. Governo cometeu erro”

Declarações de Pedro Nuno Santos sobre o adiamento das celebrações da Revolução dos Cravos.

Notícias ao Minuto | 11:44 – 24/04/2025

Já coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, também se manifestou contra esta deliberação do Governo, considerando que a celebração deste dia não pode ser adiada.

“É no dia 25, os 51 anos da Revolução e os 50 anos do voto universal. Não atrasamos o fim da ditadura e não adiamos o primeiro dia da democracia. A celebrar a liberdade no dia certo respeitamos quem fez bem ao mundo”, escreveu Mortágua, na rede social X (antigo Twitter), ainda na quarta-feira.

Já hoje, acusou ainda o Governo de “desrespeito pelo Dia da Liberdade.”

Mariana Mortágua acusa Governo de

Mariana Mortágua acusa Governo de “desrespeito pelo dia da liberdade”

A coordenadora do Bloco de Esquerda criticou hoje o Governo pelo adiamento das celebrações festivas do 25 de Abril, considerando a decisão um “desrespeito pelo dia da liberdade”.

Lusa | 13:46 – 24/04/2025

Também o líder do Livre, Rui Tavares, teceu críticas ao Executivo liderado por Luís Montenegro, apelando ao Governo que visse “a luz e perceba que deixar de celebrar a democracia sob qualquer pretexto é um sinal de ingratidão.”

Para o porta-voz do Livre, a decisão revela “uma singular falta de respeito pela democracia e pelo 25 de Abril”, sobretudo no ano em que se assinalam os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal.

“Agora, temos um Governo que acha que deve autolimitar-se na comemoração daquilo que é a sua razão de ser. É absolutamente chocante, é deplorável, é lamentável”, classificou.

Também o Partido Comunista Português considerou que não se homenageia o Papa Francisco com cancelamentos de celebrações do 25 de Abril, mas antes reafirmando os valores da paz e da justiça, que nortearam a sua intervenção e que constituem também valores da Revolução de Abril.”

25 de Abril?

25 de Abril? “Homenagear o Papa Francisco não é com cancelamentos”

O PCP considerou hoje que não se homenageia o Papa Francisco com cancelamentos de celebrações do 25 de Abril, mas antes reafirmando os valores da paz e da justiça.

Lusa | 14:10 – 24/04/2025

Já esta quinta-feira, o Ministro da Defesa, Nuno Melo, foi questionado sobre os limites e restrições que se iam colocar e também sobre as críticas. À saída da Nunciatura Apostólica, onde assinou o livro de condolências do Papa, que morreu na segunda-feira aos 88 anos, Melo rejeitou comentar a decisão: “Não contamino este momento com nenhum outro tema, nomeadamente, de dimensão política, que terá certamente o seu lugar para esse propósito.”

Também hoje o antigo militar do do Movimento das Forças Armadas Vasco Lourenço – que é o presidente da Associação 25 de Abril -, criticou a deliberação.

“Francisco era um homem de Abril. Cancelar a festa é ofender o Papa”

O Governo anunciou três dias de luto pela morte do Papa, sublinhando que deveria haver “reserva relativamente às celebrações. O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, aponta que “cancelar uma festa [que é] a favor da Liberdade” como é a Revolução dos Cravos é ofender o Papa Francisco, “um homem de Abril.”

Notícias ao Minuto | 08:24 – 24/04/2025

“Respeito muito o Papa Francisco. Considero que era um homem de Abril. Cancelar uma festa [que é] a favor da Liberdade, dos direitos humanos, é ofender o Papa Francisco, não é homenagear”, considerou.

Leia Também: Governo não participa em “agenda festiva” do 25 de Abril. Há “reserva”

Fonte: www.noticiasaominuto.com

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