Numa mensagem televisiva divulgada no domingo, Arce acusou Morales, líder do partido que controla o parlamento, de querer impor a sua candidatura presidencial “a bem ou a mal”.
“Tenho a responsabilidade histórica de denunciar ao país e ao mundo o que poderá ocorrer nos próximos dias na Bolívia devido à sua responsabilidade”, disse Arce, dirigindo-se diretamente a Morales.
“Será iniciada uma marcha nos próximos dias para depois avançar para um bloqueio rodoviário nacional, que terminará numa tentativa de golpe de Estado contra um governo popular, é algo que terá de prestar contas ao nosso povo mais cedo ou mais tarde”, acrescentou o Presidente.
Grupos de indígenas aimarás decidiram instalar hoje um bloqueio nas estradas que ligam a capital La Paz ao resto do país, para pedir a demissão de Arce e do vice-presidente David Choquehuanca, a quem acusam de dividir as organizações sociais.
Também os sectores leais a Evo Morales anunciaram para terça-feira uma marcha que terá início na cidade de Caracollo, 190 quilómetros a sudeste de La Paz, em protesto contra a difícil situação económica e a falta de dólares e de combustível.
Uma alegada tentativa de golpe de Estado abalou em 26 de junho a Bolívia, país sul-americano que enfrenta uma grave crise económica, com um grupo de militares a insurgir-se contra o Governo de Luis Arce.
O Presidente disse acreditar que a tentativa de golpe de Estado se deveu a ter demitido o comandante-geral do exército, general Juan José Zúñiga, a 25 de junho, por ter “violado a constituição política do Estado” com declarações numa entrevista que não estava autorizado a conceder.
Nessa entrevista, Zuñiga ameaçou deter Evo Morales caso tentasse voltar a candidatar-se à presidência.
Morales já disse publicamente que deseja recandidatar-se em agosto de 2025, apesar da justiça da Bolivia o ter declarado como banido de o fazer
Morales, dirigente de esquerda foi forçado a renunciar ao poder em 2019 e, no mesmo ano, Jeanine Áñez, de direita, autoproclamou-se “presidente transitória do Estado”.
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