Numa intervenção em representação de Portugal no segundo e último dia da Cimeira do Futuro promovida pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, Paulo Rangel salientou que, num tempo de conflitos e tensões, “Portugal escolhe o caminho da ação coletiva, da interação, do multilateralismo, do diálogo, da paz”.
“Vivemos num mundo de tensões geopolíticas, conflitos, crises, que afetam a confiança dos cidadãos no multilateralismo. Não esquecemos os que morrem em Gaza, na Ucrânia, no Sudão, nos conflitos do Sahel, na desigualdade e na violência de género ou nos impactos crescentes e terríveis das alterações climáticas”, referiu.
António Guterres promoveu esta cimeira para obter um consenso em torno da reforma do sistema institucional global e impulsionar o cumprimento dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
No domingo, primeiro dia da Cimeira do Futuro, a Assembleia Geral da ONU acordou a adoção de três documentos: Pacto para o Futuro, Pacto Digital Global e Declaração sobre Futuras Gerações.
Em nome de Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros razão do secretário-geral das Nações Unidas manifestou apoio ao “processo ambicioso” lançado pelo secretário-geral da ONU para “reconstruir a confiança num sistema multilateral eficaz centrado nas Nações Unidas”.
De acordo com Paulo Rangel, “alinhado com esta visão ambiciosa e ampla do multilateralismo mais eficaz, Portugal participou ativamente nas negociações do Pacto para o Futuro, do Pacto Global Digital e da Declaração sobre as Gerações Futuras”, numa expressão de “determinação em promover a paz, o desenvolvimento sustentável e o respeito pelos direitos humanos”.
“Estamos comprometidos em reformar o sistema de governação global, incluindo a arquitetura financeira internacional. Continuamos empenhados neste objetivo, enquanto país convidado pela presidência brasileira do G20, cujo apelo à ação subscrevemos, e tendo em vista a 4ª Conferência Internacional sobre o Financiamento do Desenvolvimento, cujo processo preparatório é copresidido por Portugal e pelo Burundi”, afirmou.
Na sua intervenção, Paulo Rangel fez referência à candidatura portuguesa a um lugar de membro não permanente no Conselho de Segurança da ONU em 2027/2028.
“Foi precisamente para manter e promover a paz e a segurança que criamos as Nações Unidas. É também um dos objetivos deste Pacto para o Futuro com o qual nos comprometemos, incluindo com vista a nossa candidatura ao Conselho de Segurança”, disse.
O ministro mencionou que falava nesta cimeira “em representação de Portugal e também do primeiro-ministro de Portugal [Luís Montenegro] que, contra o previsto não está aqui hoje presente por força dos terríveis incêndios” da semana passada em Portugal.
Depois, fez uma ligação entre os incêndios e as alterações climáticas: “Ora, aqui está um tema fundamental para o futuro do mundo, para o futuro das nossas nações. Estes fogos indomáveis estão ligados às alterações climáticas, ao desenvolvimento sustentável, ao planeamento da floresta e das cidades”.
“Os desafios que enfrentamos hoje não conhecem fronteiras e merecem um Pacto para o Futuro. Cabe agora a cada país e a cada liga, a cada um de nós, escolher o caminho para o futuro. Portugal escolhe o caminho da ação coletiva, da interação, do multilateralismo, do diálogo, da paz e do compromisso inabalável com um futuro melhor para todos”, acrescentou.
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