Cerca de 59% dos 2,3 milhões de pessoas habilitadas a participar nessa primeira fase das eleições exerceram o seu direito de voto, declarou o diretor do organismo eleitoral regional, P.K. Pole, numa conferência de imprensa, em meio a um clima otimista invulgar nesta região com um forte historial de boicotes e violência eleitoral.
“Houve um entusiasmo sem precedentes entre os eleitores, homens, mulheres, jovens e idosos”, disse à agência de notícias EFE um responsável eleitoral do distrito de Kulgam, no sul de Caxemira, outrora foco de rebelião armada contra a Índia e uma zona de boicotes eleitorais.
“As pessoas estavam a apertar-se por espaço nas filas e a maioria eram eleitores de ‘primeira viagem'”, acrescentou esse mesmo responsável.
Estas são as primeiras eleições regionais na Caxemira indiana desde que o Governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, revogou unilateralmente, há cinco anos, o estatuto especial que o Estado possuía, provocando fortes protestos nesta região de maioria muçulmana.
Hoje, o dia decorreu de forma calma, sem grandes perturbações, para além de pequenas altercações entre apoiantes de partidos rivais em algumas assembleias de voto.
Tudo isto no âmbito de um grande destacamento de forças da polícia e paramilitares naquela que é uma das regiões mais militarizadas do mundo, algumas delas fortemente equipadas com equipamento de controlo de distúrbios e armas longas.
Este aumento da segurança, bem como os desafios logísticos, significa que as eleições decorrerão em várias fases ao longo das próximas duas semanas.
O próximo dia de votação está marcado para 25 de setembro, enquanto o terceiro e último dia terá lugar em 01 de outubro, estando os resultados finais previstos para 08 de outubro.
Esta é a primeira vez que os habitantes de Caxemira conseguem votar para o seu governo regional desde 2014. O último governo eleito em Caxemira caiu em junho de 2018, quando o Partido Bharatiya Janata (BJP), de Modi, retirou-se de uma coligação governamental formada após as eleições regionais de 2014 com o Partido Democrático Popular (PDP).
O novo governo regional, no entanto, terá poderes limitados, cobrindo principalmente questões de educação e cultura, enquanto a autoridade legislativa e as decisões de segurança permanecerão nas mãos do Parlamento indiano e do Executivo de Modi.
A maioria dos partidos regionais prometeram restaurar o estatuto especial da região, que dava à Caxemira uma maior autonomia legislativa em relação ao resto dos estados da Índia, enquanto o BJP afirma que este estatuto não será novamente implementado.
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