“Ainda estamos a apurar os números reais, mas os incêndios devem ter impactado 15% dos nossos associados com perdas totais de colmeias”, referiu Bruno Moreira, presidente da associação.
Às perdas totais de colmeias soma-se a “perda de potencial produtivo”, ou seja a perda de floresta, que afetou entre 30% a 40% dos apicultores das regiões Norte e Centro.
A Associação dos Apicultores do Norte de Portugal tem cerca de 250 associados, sendo a maioria de Aveiro, Porto e Viseu, distritos que, desde domingo, foram assolados por incêndios de grandes dimensões.
Para “fazer face à perda de pasto”, os apicultores vão ter de procurar novos locais para colocar as colmeias.
Apesar de o Estado ter atribuído um apoio de seis euros por colmeia aos apicultores afetados pelo incêndio que, em 2023, lavrou em Odemira (Beja), Bruno Moreira defendeu que “até hoje nenhum Governo ajudou com a perda de efetivo”, referindo-se à perda de colmeias.
Para o presidente da Associação dos Apicultores do Norte de Portugal, o Estado deve avançar com o ordenamento da floresta, medida que permitiria, posteriormente, criar “zonas próprias para apiários”.
“Temos uma série de condicionantes à colocação de apiários, tais como manter 100 metros de afastamento ao edificado em utilização ou 50 metros de afastamento para as vias públicas. Muitas das vezes, com todas as condicionantes legais e geográficas, os apicultores acabam por colocar as colmeias no meio de uma mata”, referiu.
Também hoje, em declarações à Lusa, o presidente da Federação Nacional de Apicultores de Portugal afirmou que os incêndios que lavraram em Portugal desde o início do ano provocaram a perda de 9.000 colmeias, o equivalente a cerca de 1,8 milhões de euros.
“Estamos a falar na ordem das 5.000 colmeias com perda total”, afirmou Manuel Gonçalves, acrescentando que cerca de 4.000 colmeias foram afetadas porque as zonas de floração onde se inserem arderam.
Sete pessoas morreram e 177 ficaram feridas devido aos incêndios que atingiram desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país e destruíram dezenas de casas.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabiliza cinco mortos, excluindo da contagem dois civis que morreram de doença súbita.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 124 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro já arderam mais de 116 mil hectares, 93% da área ardida em todo o território nacional.
O Governo declarou a situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios dos últimos dias e hoje dia de luto nacional.
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