Habitação “não pode ficar dependente” de dividendos de qualquer banco

Na abertura de Congresso Internacional de Habitação Pública, que decorreu no Taguspark, em Oeiras, Luís Montenegro disse não querer entrar em polémicas pré-eleitorais, mas acabou por se referir, indiretamente, a uma proposta que consta do programa do PS e que passa por utilizar parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos numa conta corrente estatal que permite financiar as autarquias na construção de habitação pública.

 

“A habitação é tão prioritária, é tão essencial na estratégia de desenvolvimento do país, que não pode ficar dependente agora do volume de dividendo de uma determinada entidade bancária, mesmo que seja do perímetro estatal. O seu financiamento tem que ser assegurado, ponto final, tem de ser assegurado pelos recursos públicos”, defendeu Luís Montenegro.

Para o primeiro-ministro, o financiamento da habitação tem de passar “pelos recursos do Orçamento do Estado, pelos recursos dos fundos europeus e pelos recursos que o Estado pode assegurar de instrumentos de financiamento a baixos custos, nomeadamente através do Banco Europeu de Investimento”.

“E é isso que um governo deve assegurar, seja ele qual for, e deve assegurar para o seu mandato e para os mandatos seguintes, para quem vier a seguir, é isso que nós estamos a fazer”, afirmou.

Do lado do arrendamento, o primeiro-ministro defendeu que é preciso estimular o mercado, mas sem ir contra os interesses de quem arrenda, num outro aparente recado a propostas da esquerda de fixação de preços.

“Não há possibilidade de nós impormos a um promotor um modelo que não é do seu interesse, porque isso mata o negócio. Isso mata a possibilidade de um equilíbrio entre quem arrenda e quem disponibiliza e está no mercado à procura de uma habitação”, afirmou.

Montenegro defendeu que o equilíbrio pode ser conseguido através do aumento da construção — quer pública, quer privada — e “dando alguns incentivos ou benefícios em troco da contenção da renda, da renda acessível”.

“As políticas públicas devem, portanto, atuar do lado da oferta, do lado da oferta pública e também do lado da oferta privada, com incentivos para que haja mais casas no mercado para que o preço possa diminuir”, afirmou.

Do lado da procura, considerou que o Estado tem de identificar quem são os alvos prioritários de apoios, como os mais jovens — recordando as medidas do Governo de isenção de alguns impostos na aquisição da primeira casa – e nos mais vulneráveis.

Montenegro reiterou que o atual executivo PSD/CDS-PP “mais do que duplicou” o objetivo de construção de novas habitações públicas para 59 mil no âmbito do PRR, e disse querer ir mais longe: “superar as 130 mil novas habitações públicas até ao final desta década”.

À entrada, o primeiro-ministro foi recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, que o fez entrar no congresso através uma recriação de uma barraca, que disse já não existir no seu concelho.

Questionado pelos jornalistas sobre o alargamento do programa Porta 65, o primeiro-ministro disse que o Governo está a “fazer tudo para recuperar não só a capacidade de resposta, mas para alargar o âmbito de aplicação”

“Os serviços, infelizmente, não se conseguem mudar de um dia para o outro”, disse, referindo-se aos atrasos aos pagamentos dos beneficiários deste programa.

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Fonte: www.noticiasaominuto.com

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