De acordo com as informações da agência de notícias norte-americana, os danos na base iraniana de Shahroud levantam “novas questões” sobre o ataque israelita de sábado passado.
A base de Shahroud envolve diretamente a Guarda Revolucionária, uma força dentro da teocracia iraniana que, até agora, tem permanecido em silêncio sobre quaisquer possíveis danos que tenha sofrido durante o ataque.
O Irão apenas identificou os ataques israelitas de sábado como tendo ocorrido nas províncias de Ilam, Khuzestan e Teerão – e não na província rural de Semnan, onde se situa a base.
Os dados da Associated Press concluem que os estragos na base de Shahroud podem restringir “ainda mais a capacidade da Guarda Revolucionária no fabrico de mísseis balísticos de combustível sólido de que necessita para se proteger de Israel”.
Há muito que Teerão depende deste arsenal, uma vez que não pode comprar as armas ocidentais devido ao embargo imposto pelos países ocidentais.
“Não sabemos se a produção iraniana foi prejudicada, como algumas pessoas dizem, ou apenas danificada”, disse Fabian Hinz, especialista em mísseis e investigador do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, que estuda o Irão.
“Já vimos imagens suficientes para mostrar que houve um impacto (em Shahroud)”, disse o especialista à Associated Press.
A missão do Irão junto das Nações Unidas, em Nova Iorque, não respondeu de imediato a um pedido de comentário.
O Exército israelita também recusou responder às questões da AP.
As imagens de satélite – de alta resolução – captada pela Planet Labs PBC, analisadas pelos especialistas consultados pela Associated Press, mostram os supostos danos no Centro Espacial Shahroud em Semnan, situada a cerca de 370 quilómetros a nordeste da capital iraniana.
Semnan também abriga o Centro Espacial Imam Khomeini, que é usado pelo programa espacial civil do Irão.
As imagens mostram ainda que um edifício central do Centro Espacial Shahroud foi destruído, mas que continuam veículos estacionados à volta do local.
Três pequenos edifícios, a sul da estrutura principal, também terão sido danificados, assim como um hangar situado a nordeste do prédio principal.
Dado que o edifício principal estava rodeado de barreiras de terra, sugere que o local era usado para a manipulação de “altos explosivos”, disse Hinz, que há muito estuda o local.
“Esse edifício central provavelmente lida com operações de mistura e fundição de propulsores sólidos”, acrescentou o especialista.
Segundo Hinz, as grandes caixas junto ao edifício cobrem motores de mísseis sendo que as dimensões sugerem que podem ser utilizados para o míssil balístico Kheibar Shekan do Irão e para o Fattah 01, um míssil que Teerão afirma ser capaz de atingir Mach 15 – ou seja, 15 vezes a velocidade do som.
Ambos foram utilizados nos ataques do Irão a Israel durante a guerra Israel-Hamas e na posterior invasão terrestre do Líbano.
A Associated refere ainda a avaliação de membros dos serviços de informações dos Estados Unidos, não identificados, que referiram que a destruição do desenvolvimento de veículos de lançamento de satélites pode afetar a produção de um míssil balístico intercontinental.
As mesmas fontes disseram que os mísseis balísticos intercontinentais podem ser utilizados para transportar armas nucleares.
O Irão nega que desenvolve armas nucleares e afirma que o programa espacial, tal como as atividades nucleares, se destina a fins civis.
Por enquanto, as fotografias captadas por satélite sugerem que o Irão ainda está a tentar avaliar as consequências do último ataque de Israel.
Leia Também: Berlim convoca diplomatas iranianos a execução de cidadão alemão