Os comentários da Força das Nações Unidas de Observação da Retirada (UNDOF), que patrulha aquela zona desde 1974, surgem na sequência de uma notícia da agência norte-americana Associated Press (AP) divulgada na segunda-feira, com imagens de satélite mostrando a extensão das obras ao longo da fronteira.
As obras, que, segundo a UNDOF, começaram em julho, seguem-se à conclusão pelos militares israelitas de novas estradas e do que parece ser uma zona-tampão ao longo da fronteira da Faixa de Gaza com Israel.
O Exército israelita também começou a demolir aldeias no Líbano, onde outras forças de manutenção da paz da ONU ficaram sob fogo.
Embora não se tenha registado violência ao longo da Linha Alfa, a UNDOF alertou hoje para o facto de os trabalhos de construção poderem inflamar ainda mais as tensões na região.
“Violações tão graves [do acordo de cessar-fogo de Israel com a Síria] na zona desmilitarizada têm o potencial de aumentar as tensões na área e estão a ser monitorizadas de perto pela UNDOF“, sublinhou a força da ONU.
Contactados pela AP, o Exército israelita não respondeu, até agora, a um pedido de comentário, e as autoridades sírias declinaram comentar a construção.
Israel tomou os Montes Golã à Síria na guerra do Médio Oriente de 1967. O Conselho de Segurança da ONU aprovou a criação da UNDOF para patrulhar uma zona desmilitarizada de cerca de 400 quilómetros quadrados e manter a paz na região, após a guerra do Médio Oriente de 1973. Uma segunda demarcação, conhecida como Linha Bravo, marca o limite de onde os militares sírios podem atuar.
A UNDOF tem cerca de 1.100 soldados, maioritariamente das Ilhas Fiji, Índia, Cazaquistão, Nepal e Uruguai, que patrulham a zona.
Israel anexou os Montes Golã em 1981 – uma medida criticada por uma resolução da ONU, que declara a ação de Israel como “nula e sem efeito jurídico internacional”.
O território, com cerca de 1.200 quilómetros quadrados, é um ponto alto estratégico com vista sobre Israel e a Síria.
Cerca de 50.000 colonos judeus e árabes, que são, na maioria, membros da seita drusa do Islão xiita, vivem lá.
Em 2019, o então Presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou de forma unilateral que os Estados Unidos iriam “reconhecer totalmente” o controlo de Israel sobre o território, uma decisão que não foi alterada pelo Governo do seu sucessor na Casa Branca, o democrata Joe Biden.
Os Estados Unidos são portanto, além de Israel, o único outro país a reconhecer os Montes Golã como israelitas, considerando-os o resto do mundo território sírio ocupado.
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