Mistura de “felicidade e tristeza” na certificação da vitória de Trump

Debaixo de um forte nevão, Frank – que vive nos arredores de Washington – deslocou-se até ao Capitólio norte-americano com o intuito de acompanhar a sessão de certificação dos resultados eleitorais de novembro, mas deparou-se com vários quilómetros de barreiras de metal em torno da sede da democracia norte-americana e com um forte dispositivo policial a impedir o acesso ao público.

 

Por um lado, é um dia de alegria, porque estamos a ver a democracia a funcionar com esta cerimónia de certificação dos resultados eleitorais. Mas, por outro lado, é um dia triste, porque temos esta segurança toda em torno destes edifícios”, disse à Lusa Frank Ferreira, que é conselheiro das comunidades portuguesas pelo círculo de Washington.

É um dia triste para a democracia, porque o público não conseguiu assistir presencialmente a esta cerimónia. Isto mostra o ponto a que este país chegou. Estamos a viver um novo normal“, lamentou o luso-americano.

Além do aumento do número de patrulhas, de agentes policiais no terreno e da coordenação entre agências de segurança, foi montado um grande perímetro de segurança ao redor da sede do Congresso dos Estados Unidos, evidenciando as marcas deixadas pelo ataque à democracia perpetrado há quatro anos por apoiantes de Donald Trump.

Em 06 de janeiro de 2021, o mesmo perímetro que agora está sob intensa proteção policial era palco da fúria de uma multidão violenta composta por apoiantes do ex e presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que tentava travar a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden.

Contudo, a sessão do Congresso que hoje certificou a vitória de Trump decorreu sem qualquer incidente, sem protestos ou mesmo objeções processuais.

Do lado de fora do Capitólio, a severa tempestade de neve que se abateu sob a capital norte-americana afastou grandes protestos ou celebrações.

Durante alguns minutos, um homem montado numa bicicleta segurou um cartaz com ofensas dirigidas ao presidente eleito, tendo-se envolvido posteriormente numa breve troca de palavras com um apoiante de Trump, uma interação testemunhada pela Lusa.

Mais tarde, uma mulher segurando um cartaz com a frase “Eu apoio a nossa Constituição e tu?” também se tentou aproximar do Capitólio, mas sem sucesso, sendo travada pelas grades de metal instaladas ao redor do edifício.

A mulher – que não se quis identificar – contou que viajou da Califórnia para acompanhar a sessão do Congresso, afirmando que, a partir de agora, “a violência passou a ser aceite“.

Pela primeira vez, o Departamento de Segurança Interna norte-americano designou a certificação dos votos do Colégio Eleitoral como um ‘Evento Nacional de Segurança Especial’ – um estatuto que obriga a medidas de segurança ao nível de eventos como a final do campeonato de futebol americano – o Super Bowl – ou o discurso do Estado da União.

Nesse sentido, a segurança na capital norte-americana estará reforçada até ao dia da tomada de posse do novo presidente, em 20 de janeiro, data em que milhares de polícias de todo o país deslocar-se-ão a Washington para auxiliar os agentes locais, com as autoridades a prepararem-se para eventuais “multidões históricas”.

Donald Trump deverá ter assim uma transferência pacífica de poder, ao contrário daquilo que proporcionou a Joe Biden nas presidenciais de 2020.

O magnata republicano regressa à Casa Branca enquanto continua a negar que tenha perdido as eleições de 2020.

Tem ainda refletido sobre ficar além do limite de dois mandatos permitidos pela Constituição e alimenta a promessa de perdoar algumas das mais de 1.250 pessoas que se declararam culpadas ou que foram condenadas por crimes pelo ataque ao Capitólio.

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Fonte: www.noticiasaominuto.com

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