Questionada à margem do protesto de hoje em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa, que assinala a greve de dois dias convocada pela Federação Nacional dos Médicos (Fnam), a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, defendeu, embora sem especificar o alvo das críticas, que “quem viabilizar o Orçamento do Estado está, na verdade, a apoiar o Governo”
“Quem está a apoiar o Governo não está a fazer oposição ao Governo, quem não faz oposição ao Governo não é alternativa ao Governo e o Bloco de Esquerda quer ser uma alternativa ao Governo e por isso estamos aqui, ao lado dos médicos, como sempre estivemos”, acrescentou.
Para a líder bloquista, quando se fala do próximo OE, a questão que deve ser colocada é se será “um bom orçamento ou um mau orçamento” e não as consequências de um eventual chumbo na estabilidade do país.
Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, que também marcou presença na concentração, considerou que “infelizmente o cenário não é animador”, criticando os partidos que “se predispõem a alinhar com o projeto” do Governo PSD/CDS-PP.
“A nossa parte é dar combate a essas opções, olhando para os profissionais, para as suas carreiras, para fixar os profissionais no SNS, tendo como horizonte fundamental a resposta aos utentes”, acrescentou.
Estas declarações surgem no mesmo dia em que o secretário-geral do PS afirmou que espera que o Governo aceite as propostas que vai apresentar na reunião com o primeiro-ministro, na sexta-feira, sobre o Orçamento do Estado para 2025.
“Só não haverá orçamento se o Governo não quiser, se o Governo não perceber que não tendo maioria absoluta tem de ceder ao PS. A questão não tem a ver connosco ou com o nosso programa, mais do que isso. Tem a ver com conseguirmos que algumas medidas que são negativas não constem do orçamento e que algumas propostas sejam introduzidas no orçamento”, defendeu.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, defendeu que o Governo “não está a levar o Orçamento do Estado a sério” uma vez que, não tendo uma maioria que permita viabilizar o documento, está a fazer uma “coreografia de ‘marca reunião, não marca reunião'” em vez de se sentar à mesa com os partidos.
“É um Governo que, na verdade, pelo menos, quer ir com esta incerteza para as negociações do Orçamento e a quem provavelmente não deixaria de convir ir para umas eleições antecipadas, desde que pudesse chutar a culpa dessas eleições antecipadas para a oposição”, acrescentou.
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