Principal partido da oposição de Hong Kong vota a própria dissolução

O Partido Democrático de Hong Kong, a última grande força de oposição que continuava a operar na ex-colónia britânica, discute hoje o fim de mais de três décadas de atividade política na cidade, na sua assembleia geral anual.

 

O único ponto da reunião é uma votação para continuar ou desmantelar o partido, fundado em 1994 e outrora o principal bastião da oposição na assembleia legislativa da cidade.

Atualmente, com as várias detenções de dirigentes e ativistas e as limitações nas candidaturas, o partido não tem qualquer representação no conselho legislativo nem nos conselhos distritais.

O presidente da formação, Lo Kin-hei, havia declarado anteriormente que a dissolução da organização era “inevitável” depois que vários grupos e partidos locais, como o Cívico e a Liga dos Social-Democratas, terem sido desmantelados após a imposição, por Pequim, da Lei de Segurança Nacional em 2020.

A questão tornou-se ainda mais complexa em março de 2021, quando o governo chinês aprovou uma lei destinada a garantir que apenas os que designou como ‘patriotas’ pudessem governar em Hong Kong.

Essa regulamentação diminuiu significativamente a representação democrática na assembleia, consolidou o controlo sobre os processos eleitorais e estabeleceu um painel de seleção de candidatos, alinhados com os interesses de Pequim.

Em 2010, o Partido Democrático envolveu-se em negociações discretas com funcionários de Pequim, conseguindo chegar a um acordo de compromisso sobre o caminho para a reforma política em Hong Kong.

O acordo gerou uma forte rejeição entre os apoiantes e aliados, mas, pesar das críticas, o partido consolidou-se como a principal referência da oposição na cidade.

No entanto, a sua trajetória sofreu uma reviravolta drástica com a imposição da Lei de Segurança Nacional: quatro legisladores do partido foram condenados em 2024 a penas de até seis anos e nove meses de prisão por conspiração para cometer subversão após participarem em eleições primárias não oficiais, que a Justiça interpretou como uma conspiração para derrubar o governo.

Desde a entrada em vigor dessa legislação e das reformas eleitorais, o futuro do Partido Democrático tem estado em risco, na sequência das constantes rusgas policiais e detenções de ativistas ou familiares nos últimos anos.

Há uns meses, os membros do partido autorizaram a venda da sua sede por 11 milhões de dólares de Hong Kong (cerca de um milhão de euros) para preparar a eventual dissolução e prevenir a entrega do imóvel à justiça.

Os fundos remanescentes do partido deverão ser doados à Associação para os Direitos das Vítimas de Acidentes Industriais.

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Fonte: www.noticiasaominuto.com

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