“Não tenho conhecimento de uma ligação direta, mas obviamente as duas mediações sobrepõem-se muito, estando as mesmas partes, na sua maioria, envolvidas”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed al-Ansari, durante uma conferência de imprensa em Doha.
“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros para garantir que exista um cessar-fogo imediato no Líbano”, disse Ansari.
“Sobre a outra questão, a das conversações sobre Gaza, continuamos os nossos esforços”, acrescentou.
Os Estados Unidos, a União Europeia e vários países árabes pediram um “cessar-fogo imediato de 21 dias” no Líbano, onde o conflito entre Israel e o Hezbollah ameaça estender-se na região.
No entanto, é “demasiado cedo” para falar de um “caminho de mediação formal” nas conversações entre Israel e o Hezbollah, afirmou Ansari, sublinhando ainda que “todos os canais de comunicação permanecem abertos”.
Numa declaração conjunta emitida após a reunião à margem da Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque, os Presidentes dos EUA e de França, Joe Biden e Emmanuel Macron, respetivamente, disseram que tinham “trabalhado juntos nos últimos dias” para chegar a este apelo conjunto para um cessar-fogo temporário, agora acompanhado por outros países.
Na quarta-feira à noite, Israel afirmou ter atingido “mais de 2.000 alvos terroristas” do movimento xiita Hezbollah no Líbano nos últimos três dias, numa ofensiva que já causou centenas de mortos e feridos.
De acordo a ONU, mais de 90.000 libaneses viram-se obrigados a abandonar as suas casas. Há mais de 11 meses que as forças israelitas e o Hezbollah estão envolvidos num intenso fogo cruzado ao longo da fronteira entre o Líbano e Israel, nos piores confrontos desde a guerra de 2006.
As tensões na região do Médio Oriente aumentaram após o ataque de 07 de outubro de 2023 do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, que fez mais de 1.200 mortos, na maioria civis, e cerca de 250 reféns.
Em retaliação, o exército israelita iniciou uma guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza que já fez mais de 41 mil mortos e 96 mil feridos, além de mais de 10 mil desaparecidos, indicam os mais recentes números das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
O cessar-fogo na Faixa de Gaza está a ser mediado, principalmente, pelos Estados Unidos, Egito e Qatar, que há meses buscam uma trégua entre Israel e o Hamas, mas as duas partes beligerantes não chegam a um acordo.
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