Vitória SC descarta encomendas e atira FC Porto para fora da Taça da Liga

Habitualmente, impera a lei do mais forte, mas não foi o que aconteceu, na noite desta quinta-feira, no Estádio do Dragão. O Vitória SC operou uma épica remontada (1-3) no último duelo dos ‘quartos’ da Taça da Liga e afastou o FC Porto daquela que parecia ser uma final four já encomendada para muitos.

Com uma revolução no onze inicial, os dragões até se colocaram a vencer com um golo madrugador de Gabri Veiga (8′), ele que até ficou em lágrimas devido a queixas física. Só que a verdade é que os vimaranenses acabariam por dar a volta ao rumo dos acontecimentos, não sem antes serem salvos pelo VAR, ao anular uma grande penalidade cometida por João Mendes.

A ‘cambalhota’ no marcador, essa, começou ainda no primeiro tempo, quando Nélson Oliveira converteu com sucesso uma grande penalidade (38′), conquistada por Oumar Camara na sequência de uma distração de Pablo Rosario, silenciando (e ‘incendiando’) o público azul e branco.

Já no segundo tempo, Samu Silva (53′) aproveitou um erro crasso de Alan Varela e apontou o golo da remontada, sendo que o capitão dos conquistadores ainda viu o bis ser-lhe anulado pelo VAR, pouco depois, por culpa do recém-entrado Ndoye.

No entanto, nem as mexidas de Francesco Farioli salvaram os líderes da I Liga – até então invictos nas provas internas – do abismo, aos pés do conjunto de Luís Pinto, com o 1-3 final a chegar por via de um penálti cobrado exemplarmente por Oumar Camara (79′), conquistado pelo recém-entrado Noah Saviolo, em duelo com Stephen Eustáquio.

Contrariamente aos semi-finalistas Sporting, Benfica e Sporting de Braga, que aproveitaram o formato (questionável) da prova para obterem triunfos caseiros sólidos rumo a Leiria, o conjunto de Francesco Farioli caiu com estrondo em casa, sofrendo mesmo o primeiro grande revés no Estádio do Dragão na presente temporada.

Se já parecia estar encomendado um Clássico na meia-final agendada para o próximo dia 6 de janeiro, eis que o Vitória SC quebrou a lógica de uma prova que é cada vez mais convidativa para os quatro primeiros classificados do campeonato da época transata.

Vamos então às notas da partida:

Figura

Samu Silva não encheu só o meio-campo do Vitória SC. Encheu o campo praticamente todo. O capitão dos conquistadores não tremeu na hora de pegar na ‘batuta’ e, com momentos de ampla irreverência, tirou o pão da boca aos seus adversários. Ofensivamente, Samu apontou o tento da remontada e ainda teve um golo anulado, naquela que terá sido das suas melhores exibições desde que deixou o Vizela.

Surpresa

Oumar Camara continua a surpreender, sobretudo pela maturidade que apresenta em campo, dada a tenra idade. Contratado ao PSG, o avançado de 18 anos apontou o seu terceiro golo – o segundo por via de um penálti – nos últimos quatro jogos e, ainda antes de selar o apuramento da sua equipa, já havia conquistado uma grande penalidade na primeira parte, precisamente pela astúcia que lhe é característica.

Desilusão

Alan Varela regressou de uma curta lesão diretamente para o onze inicial, mas as coisas não lhe correram nada bem nos 65 minutos em que esteve em campo. Inofensivo no momento de construir e inseguro na missão de estabilizar a sua equipa defensivamente, o médio argentino protagonizou o maior dos ‘pecados’ ao permitir que Samu Silva apanhasse os dragões em contrapé na hora de remontada

Treinadores

Francesco Farioli optou por trocar nove jogadores por comparação ao último onze e até surpreendeu em colocar Yann Karamoh na frente de ataque, mas a estratégia saiu furada e a maior prova disso foi a necessidade de fazer uma dupla alteração logo ao intervalo. As restantes mexidas pouco ou nada deram de positivo aos azuis e brancos, numa noite de muita desinspiração. 

Luís Pinto alterou apenas três peças do xadrez e, embora tenha feito por jogar olhos nos olhos do adversário, apoiou-se na receita da eficácia – que tantas vezes já traiu a sua equipa – para fazer o que ainda ninguém tinha feito esta época: sorrir no Dragão. As substituições foram estratégicas, sempre sem desmontar a estrutura de uma equipa que vive dias mais estáveis no capítulo defensivo… e ofensivo.

Árbitro

Hélder Carvalho teve nas mãos um jogo de tal forma atípico, que precisou de ir ao bolso para mostrar 12 cartões amarelos e ainda outras cinco cartolinas (quatro das quais vermelhas) para os staffs técnicos. Além disso, o jovem árbitro de 32 anos foi salvo pelo VAR, ao possibilitar a retificação de decisões inicias erradas – primeiro num penálti para o FC Porto e depois num dos golos do Vitória.